+

Linhas de Pesquisa

Metafísica e Conhecimento

A  linha  de  pesquisa  “Metafísica  e  Conhecimento”  é  constituída  por  um conjunto específico de temas problematizados ao longo da História da Filosofia, seja sob a forma de uma investigação sobre o ser e os modos de dizê-lo, ou sob a forma da investigação da gênese e da justificação do conhecimento. Sendo assim, esta linha poderá abordar a questão da gênese e da justificativa da própria metafísica enquanto ciência, bem como sua relação, de um lado, com os objetos da fé e, de outro lado, com as demais ciências, notadamente a matemática e a física. Neste âmbito, é importante a discussão do status de ciência primeira e de fundamento das outras ciências tradicionalmente atribuído à metafísica. Consequentemente, um ponto importante diz respeito à recepção do aristotelismo na Idade Média, principalmente quanto ao estatuto da metafísica e da teologia assumido a partir da segunda metade do século XIII. Juntamente com o problema da constituição da metafísica como ciência e sua relação com as demais ciências, estão articuladas questões relativas à investigação e determinação da natureza como tal, bem como questões sobre a origem e os limites do conhecimento humano, que tanto preocuparam os modernos. Questões como a matematização da natureza, a valorização do conhecimento empírico e o estabelecimento de um método adequado para a ciência figuram como constituintes do projeto moderno de fundamentação do conhecimento, seja em sua forma racionalista, seja em sua forma empirista. O problema do conhecimento ainda está fortemente ligado à reflexão sobre o aparato cognitivo, as faculdades da mente aí envolvidas, suas funções e operações peculiares. Portanto, as questões clássicas sobre a incorruptibilidade da alma, sobre as suas potências cognitivas e sua relação com os sentidos serão contempladas por esta linha. A fim de equacionar os problemas metafísicos vinculados ao conhecimento, como a natureza e os critérios da certeza racional, a descrição teórica da cognição e da mente, a ontologia dos objetos teóricos e a lógica a ela subjacente, recorrer-se-á à História da Filosofia e aos métodos analíticos e lógico-formais apropriados. Essa abordagem pode ser aplicada tanto a problemas metafísicos e epistêmicos clássicos quanto a novos problemas pertinentes à discussão historiográfica da ciência e da sua crescente inter-relação com a técnica e suas consequências. Com isso, pretende-se que a tradição filosófica seja apreciada à luz das questões filosóficas e científicas próprias do nosso tempo.

Estética e Filosofia Social

Esta linha de pesquisa aborda e problematiza as relações multilaterais, estabelecidas pela filosofia, entre arte e sociedade. O conceito de mimesis, na antiguidade grega, desde Platão, está vinculado à paidéia e a um ideal de sociedade, extensivo a Aristóteles, que apesar de valorizar a mimesis como arte, não a desvincula completamente de pretensões morais, políticas e cognitivas. Compreendida como produção racional do espírito, mas também como manifestação irracional, os conceitos fundamentais da estética (mimesis, intuição material, expressão, produção racional do espírito,) refletem valores sociais e políticos. A dissolução do triunvirato clássico, pulchrum, verum et bonum, na estética moderna, que deu autonomia ao juízo de gosto, não dispensou a filosofia do papel de rediscutir, nas fenomenologias de Sartre e Merleau-Ponty, a questão da obra de arte engajada e a responsabilidade social do artista, e as correntes filosóficas hegeliano-marxistas de reencontrar, a exemplo da Escola de Frankfurt, o lugar eminentemente político da arte. De modo que esta linha de pesquisa estuda a estética não só como filosofia da arte ou do belo artístico, mas também como esfera da sensibilidade e da cultura, seja do ponto de vista da educação moral e política, seja como justificativa ou crítica da ordem social, ou como elevação do espírito humano. A criação artística e a ação política constituem um âmbito de discussão privilegiado das questões relativas à liberdade e à racionalidade, e são especialmente tratadas, por exemplo, no interior do projeto iluminista de organização racional do mundo. A fenomenologia questiona esse projeto, sobretudo a forma dominante da razão instrumental, em detrimento das experiências corporais e linguísticas. Para a teoria crítica, o iluminismo transformou-se em mito e não cumpriu a promessa de emancipação do homem. Nesse contexto, a cultura e a sociedade são também examinadas do ponto de vista histórico, seja para relativizar um ideal de sociedade perfeita, seja, pelo contrário, para justificar formas culturais e sociais sob uma ótica do progresso. A ideologia tem um aspecto estético e outro político, como na exibição de regimes totalitários, e é examinada à luz de discussões, tais como a da tecnificação da arte, a da reificação e a da crítica às sociedades capitalistas e comunistas. No interior da crítica da cultura, vem à tona o recente debate sobre o multiculturalismo, em que diversas culturas marginalizadas reivindicam reconhecimento. Na esteira dessas discussões, aparece em primeiro plano a dimensão política, sendo vital a mobilização das noções clássicas do pensamento político que tratam das formas de governo, da participação política e do ordenamento das instituições.